quarta-feira, outubro 04, 2006

Poema encarcerado

Toda palavra é vã.

Meu amor é um poema encarcerado no papel.
Meu amor é um tecelão de estrelas ignoradas pelo dia.
Meu amor ainda aguarda pelos sóis que brilham em seus olhos.
Meu amor é a cruz amaldiçoada
Na qual prego minhas mãos com alegria.
Meu amor perpassa corpos e semáforos fechados.
Meu amor é um andarilho que tropeça em passos bêbados.
Meu amor me dá medo.


Meu amor é mais confuso que minha gaveta de meias.
Meu amor reconta cada tic-tac na madrugada.
Meu amor rima brócolis com metrópoles.


Meu amor não tem coerência.


Meu amor é um silêncio povoado de pensamentos.
Alegre como o relâmpago de um sorriso,
Caótico como o trânsito de minhas meias.

Meu amor é desconcertante.

Meu amor é esquivo como um sparring,

um sabonete molhado, uma mulher nua.
É teimoso, nostálgico, imbecil.

Toda palavra é vã.

Sobretudo,
Meu amor ainda não esqueceu
De te recordar.

(toda palavra, toda palavra)

Alexandre Inagaki