Teme-se que se tenha afogado
Jonas Valtersson
De repente ninguém sabe onde estás,
o teu fato negro como algas, o teu rosto
barbudo escorregadio como foca.
Alguém olha pelas crianças.
Avanço até à fímbria da água, agarrando-me à toalha
como um véu de viúva sobre mim.
Nenhum dos nadadores condiz.
Muito baixos, corpulentos, de barba feita,
erguem-se da ressaca, a água
escorrendo-lhes pelos ombros.
As rochas despontam junto à costa como cabeças.
A barrilha espalha-se como um fato negro esfarrapado
e não te consigo encontrar.
O meu estômago começa a contrair-se como que
para vomitar água salgada.
quando subindo a areia ao meu encontro vem
um homem que se parece muito contigo,
a sua barba eriçada como as ervas da praia, o seu fato
negro como uma concha húmida contra o seu corpo.
Aproximando-se, afinal ele
és tu - ou quase.
Quando se perde alguém nunca é
exactamente a mesma pessoa que regressa.
Sharon Olds
2 Comments:
Pois não,
Nunca mesmo.
E muitas vezes,
Só o descobrimos Muito Tarde!
Excelente texto!
Beijo.
Excelente mesmo.
Gostei da "moral da história". Uma verdade tão presente no nosso dia-a-dia.
Beijos
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