DO lor por estar contigo en cada cosa. Por no dejar de estar contigo en cada cosa. Por estar irremediablemente contigo en mí.
RE cordar que mis monedas no me permiten adquirir. Que mi deseo no es tan poderoso como para taladrar blindajes, ni mi atrevimiento tan hábil como para no hacer saltar la alarma. Recordar que sólo debe mirar los escaparates.
MI edo por no llegar a ser, por ni siquiera conseguir estar.
FA cilmente lo hacen: clavan sus espinas invisibles, abren la puerta del temor, hacen que renieguen de mí misma cuando menos se espera. Y ni siquiera saber cuántos han sacado copia de mis llaves.
SOL o he logrado el punzón de la pica, la lágrima del diamante o los caprichos del trébol. Quizá no existan los corazones. Quizá es que sea imposible elegir.
LA bios sellados, custodios del mejor guardado secreto, del recinto en donde las palabras reanudan sus batallas silenciosas, sus pacientes y refinados ejercicios de rencor.
SI crees que es paciencia, resignación, inmunidad o anestesia te equivocas. Es que he procurado cortar todas las margaritas para no tener que interrogarlas.
É noite nos meus olhos. E nos teus ainda se sente a água? Cego vou para teus braços e não sei quem és. De amor por ti nunca direi ou se já cai a flor da amendoeira. Nos mares do rio a que me deito navega o barco dos fantasmas, eu por eles quis crianças e os outros corpos todos. Nos meus olhos é a clara noite, a água sobe, amarras esticam e protegem. Teus olhos dizem que estou a chegar e não se importam do que vou querer, do que te falo. Afasto os arbustos, vou em pressa, prepara-me o gesto de receber, abre o teu vestido, a boca sobre os pulsos já a sinto. É a noite toda nos meus olhos, silvados que quebrei, domínios por onde venci a infiel maneira de existir. Assim ergues a pequena verdade, de amor por ti nunca direi como te quero.
E se o fio se parte? E se o fio se rompe? E se o fio se corta? E se o fio se quebra? E se o fio se solta? E se o fio eu desato? E se o fio se desprende? E se o fio eu desligo? E se o fio eu rasgo? E se o fio despedaço? E se do fio me separo? E se do fio me liberto? E se livre me quero Livre na escolha Livre na queda Livre de laços Livre de fios?
Por um rosto chego ao teu rosto, noutro corpo sei o teu corpo. Num autocarro, num café me pergunto porque não falam o que vai no seu silêncio aqueles cujo olhar me fala da solidão. Esqueço-me de mim. Tão quieto pensando na sua pouca coragem, a minha sempre adiada. Por um rosto chegaria o teu rosto, mesmo de um convite e desenha no ar o hábito por que andou antes de saíres do espaço à sua volta. Estás longe, só assim podes pedir algumas horas aos meus dias. Sem fixar a voz a tua voz é uma corda, a minha um fio a partir-se.
Como posso, Poeta, Decifrar-te Se és sempre a incerteza, A dissonante Face dupla do amor, Sombria e clara? E como maldizer O sofrimento Se ao martírio de amar Me fiz constante, Companheira da dor, Irmã do engano? Como posso, meu Poeta, Nesta hora, Desvendar em silêncio Teus segredos Inventando entrelinhas Na escritura Vacilante e indecisa De teus dedos?
Como posso falar Do desespero Se a força do desejo Em tua boca É um delírio de pragas E de beijos, Se a angústia de perder O que me mata Faz-me a vida odiar Mais do que a morte, Pois que ao perder-te Perco mais que a vida, Perco o sonho, a memória, A fantasia... E este gosto de viver Como quem morre. Myriam Fraga
Meu amor é um poema encarcerado no papel. Meu amor é um tecelão de estrelas ignoradas pelo dia. Meu amor ainda aguarda pelos sóis que brilham em seus olhos. Meu amor é a cruz amaldiçoada Na qual prego minhas mãos com alegria. Meu amor perpassa corpos e semáforos fechados. Meu amor é um andarilho que tropeça em passos bêbados. Meu amor me dá medo.
Meu amor é mais confuso que minha gaveta de meias. Meu amor reconta cada tic-tac na madrugada. Meu amor rima brócolis com metrópoles. Meu amor não tem coerência.
Meu amor é um silêncio povoado de pensamentos. Alegre como o relâmpago de um sorriso, Caótico como o trânsito de minhas meias.
Meu amor é desconcertante.
Meu amor é esquivo como um sparring, um sabonete molhado, uma mulher nua. É teimoso, nostálgico, imbecil.
Toda palavra é vã.
Sobretudo, Meu amor ainda não esqueceu De te recordar.
Procuro, não sei o que procuro. Procuro um céu passado, a véspera extinta. Meu rosto vai tão baixo, que antes nos céus ia posto! Procuro, não sei o que procuro. Procuro auroras idas, que jorravam, inflamadas fontes — hoje com águas presas derrotadas. Procuro, não sei o que procuro. Procuro a grande hora que em mim restou sem figura como em um cântaro morto um fim de abertura. Procuro, não sei o que procuro. Sob estrelas de [ ontem, sob as que passaram, procuro a luz apagada que ainda enalteço. Lucian Blaga